Morre aos 84 anos Ronald Biggs, do assalto ao trem pagador
Assalto milionário a trem entre Glasgow e Londres ocorreu 50 anos atrás.
Biggs era conhecido como o 'ladrão do século' 20 e morou no Brasil.
Ronald Biggs em 20 de março de 2013 em Londres (Foto: Andrew Cowie/AFP)
O britânico Ronald Biggs, conhecido como o "ladrão do século" por conta ao assalto ao trem pagador entre Glasgow e Londres ocorrido em 1963, morreu nesta quarta-feira (18) aos 84 anos, informou a família.Com problemas de saúde, ele não podia andar, tinha dificuldade para falar e recebia atendimento médico.
Os detalhes da causa da morte não foram divulgados.
Biggs foi visto em público pela última vez em março, numa cerimônia no cemitério de Highgateem em homenagem a Bruce Reynolds, o mentor do assalto, que morreu em fevereiro, aos 81 anos.
2,5 toneladas de dinheiro
O roubo, feito por uma quadrilha de 17 integrantes, levou cerca de 2,6 milhões de libras esterlinas (o equivalente a US$ 4,2 milhões) à época.
Na madrugada de 7 para 8 de agosto de 1963, dia do aniversário de Biggs, o condutor de um trem postal, que percorria o trajeto entre a cidade escocesa de Glasgow e a estação londrina de Euston, parou em um ponto isolado na altura de Ledburn, ao noroeste de Londres. Um sinal vermelho na via ordenou a parada.
Os assaltantes agrediram o condutor, desengancharam a locomotiva e os dois primeiros vagões para, em seguida, descarregar 120 sacos que continham 2,5 toneladas de dinheiro em espécie.
Tudo aconteceu sem que os funcionários nos outros vagões percebessem o assalto.
Durante o assalto, Biggs feriu gravemente o maquinista, Jack Mills, que acabou morrendo seis anos depois, segundo o jornal britânico "Telegraph".
Biggs foi preso após o roubo e recebeu uma sentença de 30 anos de prisão, mas escapou 14 meses depois da prisão de Wandsworth, pulando o muro com uma corda de pano e fugindo em uma caminhonete.
Rio de Janeiro
Após a fuga, ele passou por vários países, atraindo a atenção da imprensa pelo modo ousado como escapava da justiça britânica e da Interpol.
Ele chegou ao Brasil e ficou mais de 30 anos em liberdade no Rio de Janeiro, onde levou uma vida confortável, com o dinheiro do roubo e o que ele conseguiu aproveitando sua notoriedade. Acabou sendo tema de livros, filmes e reportagens.
Durante sua passagem pelo Rio, Biggs teve um restaurante e uma página na internet, na qual vendia produtos relacionados à sua figura.
Ele também escreveu sua autobiografia e uma novela, fez anúncios publicitários e até cantou com os Sex Pistols.
Em 2002, ele casou com Raimunda Rothen, que já era mãe de seu filho Michael, que também chegou a ficar famoso como o Mike do grupo infantil Turma do Balão Mágico nos anos 1980.
Já com a saúde frágil, Ronald Biggs finalmente se rendeu à polícia britânica em 2001. Ele voltou ao país, acompanhado pelo filho Mike, e foi rapidamente preso e levado à prisão de segurança máxima de Belmarsh, de onde foi libertado em 2009 por questões de saúde.
Sem arrependimento
Pouco antes do aniversário de 50 anos do assalto, Ronnie Biggs declarou: "Se querem me perguntar se lamento ter participado no golpe, minha resposta é não".
"Consegui um pequeno lugar na história", disse ele em entrevista, certa vez.
Ele também argumentou que queria voltar ao seu país para tomar um pint de cerveja em um pub e morrer no seu país de origem.
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