segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Comissão de Ética pede explicações a Cardozo por conduta no caso Siemens

TAI NALON
DE BRASÍLIA (Folha de São Pailo)
 
A Comissão de Ética da Presidência da República decidiu nesta segunda-feira (9) pedir explicações ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) sobre sua atuação na investigação do cartel que atuou em licitações do transporte público em São Paulo e no Distrito Federal.
Trata-se de um procedimento preliminar adotado pelo colegiado, que deu um prazo de dez dias para que o ministro apresente suas justificativas. A depender do que Cardozo dirá, a Comissão de Ética poderá abrir processo para, aí sim, investigar a condução do caso.
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Cardozo é acusado por líderes do PSDB de fazer uso político das investigações sobre os desvios no metrô paulista para ofuscar os desdobramentos das prisões do mensalão.
O ministro declarou ter repassado à Polícia Federal documentos que mencionam pagamento de propina pela Siemens, uma das empresas participantes do cartel, a autoridades tucanas. O petista disse também que mandou investigar acusações que chegaram às suas mãos, diferentemente do que, segundo ele, o PSDB fazia em sua gestão.
Pedro Ladeira/Folhapress
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, escuta as colocações do deputado José Aníbal (PSDB-SP), em audiência pública
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, escuta as colocações do deputado José Aníbal (PSDB-SP), em audiência pública
Segundo o presidente do colegiado, Américo Lacombe, qualquer decisão só será tomada no ano que vem, na próxima reunião da comissão, prevista para 29 de janeiro. Também será nessa reunião que, conforme Lacombe, será decidido se será aberto ou não processo para investigar o uso de um helicóptero da PRF (Polícia Rodoviária Federal) pela ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais).
Os integrantes da comissão se reúnem ainda na tarde desta segunda para dar continuidade aos trabalhos. É a última reunião do colegiado no ano.
ACUSAÇÃO CONTRA TUCANOS
As acusações contra políticos tucanos vieram a público após a divulgação de um suposto depoimento do ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer que apontava a "existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos [Mário] Covas, [Geraldo] Alckmin e [José] Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM".
Rheinheimer negou posteriormente ser o autor da denúncia. O depoimento diz que Aparecido recebeu propina do lobista Arthur Teixeira, acusado de intermediar o pagamento de comissões de empresas que atuam no mercado de trens. São citados como próximos do lobista mais três secretários de Alckmin: Anibal, Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos) e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico), do DEM. Aloysio Nunes (PSDB-SP) também era mencionado como pessoa próxima a Arthur.
Embora dois delegados da Polícia Federal que participam das investigações tenham afirmado que receberam essas acusações do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o ministro da Justiça afirmou depois que recebeu o depoimento das mãos do secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo, o também petista Simão Pedro.
A versão visa preservar o Cade, segundo a Folha apurou. O órgão responsável pela defesa da concorrência, que investiga o cartel no mercado de trens denunciado pela Siemens, tem como presidente Vinicius Carvalho, que foi chefe de gabinete de Simão Pedro e que escondeu essa informação do seu currículo

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